Cledione Ferraz do Amaral com a filha, nos
EUA (Foto: Suenia Ruppenthal/Arquivo pessoal)
O laudo sobre as causas da morte dos brasileiros que viviam nos
Estados Unidos,
previsto para ser divulgado nesta semana, ainda não tem previsão de
conclusão, segundo informações do secretário de Assuntos Internacionais
de Goiás, Elie Chidiac. Ele está de férias no país, mas acompanha de
perto as investigações sobre o caso.
“Os corpos foram encontrados em estado avançado de decomposição, o que
dificulta os trabalhos dos médicos legistas. O Consulado do Brasil
também está cobrando alguma posição, mas as autoridades norte-americanas
nos informaram nesta quinta-feira (12) que precisam de mais tempo.
Então, só nos resta aguardar”, explicou ao
G1.
O casal Márcio Ferraz do Amaral, de 45 anos, Cledione Ferraz do Amaral,
de 34 anos, e a filha, de 10 anos, foram achados mortos no sábado (7),
dentro de um carro, na garagem da casa em que vivia em um condomínio de
luxo em Lake Nona, em Orlando, no estado da Flórida.
De acordo com Chidiac, além do laudo médico, outro fator importante
para a liberação dos corpos para o traslado ao Brasil é a identificação.
“Apesar de todas as características apontarem que se tratam dos
brasileiros, isso ainda precisa ser comprovado. Por isso, a família já
foi acionada para fornecer dados como arcada dentária e DNA para que
seja feito o procedimento. A vinda de algum representante aos EUA é
imprescindível”, ressaltou o secretário.
Os familiares, que moram em
Formosa,
no leste do estado, afirmam não ter dinheiro para arcar com os custos
da viagem e cremação dos corpos. Por conta disso, a irmã de Cledione, a
estudante de direito Suenia Ruppenthal, pediu ajuda à Secretaria de
Assuntos Internacionais de Goiás, nesta manhã. Além disso, lançou uma
campanha pelo Facebook.
“Muita gente tem nos procurado e toda a contribuição é bem-vinda. Até
esta tarde, as doações somavam cerca de R$ 1.600. Mas precisamos de
cerca de R$ 20 mil”, afirmou a estudante ao
G1. Uma irmã do brasileiro também irá até a Flórida para identificar os corpos.
Segundo Suenia, por enquanto, a única ajuda recebida do governo
estadual foi a intermediação de informações com as autoridades
norte-americanas. “Estamos levantando algumas documentações que foram
solicitadas, como laudos médicos da minha irmã, cunhado e sobrinha, mas
ainda não houve nenhuma ajuda financeira”, destacou.
Uma lei estadual de 2005 criou o Fundo de Auxílio Funerário aos
Goianos, usado para repatriar corpos de nascidos no estado que morreram
no exterior. A legislação também garante auxílio, caso os parentes das
vítimas morem em
Goiás
há pelo menos cinco anos. “Por enquanto, a informação que temos é de
que a família não se encaixa nessa lei, já que eles moram no estado há
cerca de dois anos. Mas se eles comprovarem residência há mais tempo,
pode ser que o quadro mude. Mesmo assim, estamos fazendo o possível para
ajudá-los cobrar as investigações sobre o caso”, ressaltou o secretário
de Relações Internacionais.
Márcio Ferraz do Amaral, 45 anos, era piloto de
avião (Foto: Suenia Ruppenthal/Arquivo pessoal)
Suenia afirma que Cledione nasceu no Paraná e Amaral era de São Paulo,
onde eles se conheceram e tiveram uma filha. No entanto, os pais de
Cledione residem há dois anos em Formosa, no Entorno do
Distrito Federal. Segundo a irmã, antes, eles moraram por mais de três anos em
Água Fria de Goiás,
também no Entorno do DF. “Meu pai é agrônomo e sempre moramos em
fazendas a trabalho. Temos os registros em carteira que comprovam isso.
Vamos em busca da documentação necessária para conseguir essa ajuda”,
ressaltou Suenia.
A estudante disse ainda que conseguiu retirar o passaporte na Polícia
Federal, mas que só vai receber o documento no próximo dia 20. “Depois
disso, ainda terei que conseguir o visto para entrada nos EUA, mas o
Itamaraty disse que vai nos ajudar com a liberação, pois se trata de um
caso emergencial”, afirmou.
O Itamaraty informou que não pode arcar com os custos de repatriação
dos corpos, mas disse que prestará a assistência necessária para que a
família realize o traslado. Afirmou ainda que há limites para os
desembolsos financeiros da assistência consular oferecida pelo governo
brasileiro.
Morte
De acordo com o noticiário local WFTV, a polícia de Orange County
acredita que pai, mãe e filha já estivessem mortos havia pelo menos três
semanas quando foram encontrados, no último sábado. Segundo o jornal,
um representante do condomínio onde viviam os Amaral sentiu um cheiro
forte na residência e chamou a polícia. Os corpos foram encontrados já
em decomposição.
Eles eram muito felizes e não tinham motivos para se matar"
Suenia Ruppenthal, irmã de Cledione
Não havia sinais de arrombamento da residência ou de ferimentos nas
vítimas. Segundo a imprensa local, a polícia trabalha com a hipótese de
que as mortes tenham sido resultado de duplo homicídio seguido de
suicídio.
O casal se mudou há cinco anos para os Estados Unidos. Amaral era
piloto de avião e a mulher trabalhava em um parque temático da Disney,
em Orlando. Segundo Suenia, amigos da família que moram na Flórida
informaram que ultimamente o cunhado trabalhava em uma empresa aérea que
fazia voos para a Índia.
Suenia afirma que não acredita na hipótese de suicídio, levantada pela
polícia norte-americana. "Eles eram muito felizes e não tinham motivos
para se matar. A gente se falava pela internet com frequência, mas desta
vez já tinha cerca de um mês o último contato. Mesmo assim, sei que
eles estavam realizados lá e se amavam", relatou.
A estudante também disse que a família não tinha conhecimento se o
casal passava por dificuldades financeiras. "A mulher que alugava a
casa disse que eles não pagavam o aluguel há cinco meses. Mas nós não
sabíamos disso, ainda mais porque eles trabalhavam e levavam uma vida
confortável lá", disse.